domingo, 20 de fevereiro de 2011

Tempo de deixar ir...


Hoje, acordei PENSANDO ALTO... Estava meditando nas palavras de uma pessoa que pregou outro dia na igreja... Ele falou algo sobre "Tera tem que morrer, Ló tem que partir, para que a promessa possa nascer". Pensei algumas coisas sobre isso. O Espírito Santo foi ajudando-me a entender certas coisas...

Tera foi o pai do patriarca Abrãao. A Bíblia relata no livro da gênese sobre Tera:

"E viveu Terá setenta anos, e gerou a Abrão, a Naor, e a Harã.
E estas são as gerações de Terá: Terá gerou a Abrão, a Naor, e a Harã; e Harã gerou a Ló.
E morreu Harã estando seu pai Terá ainda vivo, na terra do seu nascimento, em Ur dos caldeus.
E tomaram Abrão e Naor mulheres para si: o nome da mulher de Abrão era Sarai, e o nome da mulher de Naor era Milca, filha de Harã, pai de Milca e pai de Iscá.
E Sarai foi estéril, não tinha filhos.
E tomou Terá a Abrão seu filho, e a Ló, filho de Harã, filho de seu filho, e a Sarai sua nora, mulher de seu filho Abrão, e saiu com eles de Ur dos caldeus, para ir à terra de Canaã; e vieram até Harã, e habitaram ali.
E foram os dias de Terá duzentos e cinco anos, e morreu Terá em Harã." Gênesis 11. 26-32.

Logo após este relato, já no capítulo 12, a narrativa bíblica enfoca a ordenança de Deus a Abraão: "Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei." v.1


Para que Abrãao herdasse a promessa, seu pai teve de morrer. A voz de Deus só foi ouvida por Abrãao quando seu pai Tera faleceu. A ordem era expressa: deixar Harã, o lugar onde habitava. Abraão poderia ter preferido ficar por ali mesmo, já que havia se tornado um homem de muitas riquezas. Se tivesse optado por isso, nao teria, talvez enfrentado os maiores desafios da sua vida. Teria vivido seus dias, sossegadamente e, ali em Harã acumulado riquezas. Teria se tornado, certamente um homem próspero e respeitado por aquelas bandas. No entanto, a terra onde vivia era um lugar de idolatrias e Abrãao necessitava deixar tudo aquilo, até mesmo a comodidade de seu lar, para ir ao alcance da promessa divina.

Tera havia morrido. Seu velho pai já não existia e Abrãao soube então que o seu tempo em Harã havia terminado. Era hora de ir. Deixar para trás seus parentes, amigos. Ir?? Para onde, meu Deus? Tantas incertezas talvez rondassem o coração de Abrãao... mas ele não se deixou intimidar por nenhuma delas. Tera já não estava ali. E o lugar de Abrãao também já não era mais ali... Arrumou suas coisas, chamou Sara e levou consigo Ló, seu sobrinho...
Ao escolher sair de Harã, do meio de sua parentela, Abrãao teve seu nome reconhecido por todas as gerações seguintes. Foi feito "pai de multidões...

Adiante, no capítulo 13, as Escrituras nos apontam o que talvez tenha sido uma precipitação de Abrãao... Levando Ló consigo, o patriarca arranjou problemas... Houve desavenças entre os empregados de Ló e de Abrãao... As coisas não estavam nada bem... Era hora de tomar uma providência. Abrãao precisava deixar Ló ir, do contrário, isto poderia vir a atrapalhar sua caminhada em direção a promessa. Talvez Abrãao tenha resistido a isto no inicio. Talvez ele achasse muito cruel ter de despedir seu sobrinho. Mas era preciso uma decisão. Abrãao precisava escolher ali entre Ló e a Promessa. Sabiamente, o patriarca optou pela última. Deixou ir Ló e ainda o deu a oportunidade de escolher a melhor região onde queria habitar. Muitas vezes achamos que estamos perdendo algo, chegamos a questionar ou zangar com Deus. Mas Ele nos ensina todos os dias a deixarmos as velhas coisas (mesmo aquelas que nos parecem tão perfeitas!) para viver em novidade de vida...

Seguindo a narrativa bíblica, após o nascimento da promessa, traduzida em Isaac, vemos Abrãao outra vez envolto em dilemas sobre "deixar ir". Sara, sua esposa, havia arranjado-lhe um grande problema ao dar-lhe sua serva Agar como "mãe" de filho. Tentando "ajudar" Deus, Sara trouxe grandes complicações para o patriarca. Sara expulsa Agar com seu filho no ventre. O que tanto Abrãao, quanto Sara, talvez não soubessem é que as vezes Deus quer que sejamos sábios até mesmo quando precisamos despedir o que nos atrapalha em nossas vidas. Para que não aprofundemos as feridas em nós e nos outros...
 Deus manda Agar de volta. Era preciso um concerto. Deus quer que o patriarca aprenda a agir com sabedoria. Ismael nasce. Isaac, a promessa, também. As coisas começam a complicar-se. A promessa é ridicularizada por Ismael. Sara zanga-se. Agora, choramingando, Sara pede ao seu marido que "deixe ir" Agar e seu filho Ismael. Desta vez, porém, Abrãao não se precipita, antes vai pedir ajuda ao seu Deus:
  
"E viu Sara que o filho de Agar, a egípcia, o qual tinha dado a Abraão, zombava.
E disse a Abraão: Ponha fora esta serva e o seu filho; porque o filho desta serva não herdará com Isaque, meu filho.
E pareceu esta palavra muito má aos olhos de Abraão, por causa de seu filho.
Porém Deus disse a Abraão: Não te pareça mal aos teus olhos acerca do moço e acerca da tua serva; em tudo o que Sara te diz, ouve a sua voz; porque em Isaque será chamada a tua descendência.
Mas também do filho desta serva farei uma nação, porquanto é tua descendência.
Então se levantou Abraão pela manhã de madrugada, e tomou pão e um odre de água e os deu a Agar, pondo-os sobre o seu ombro; também lhe deu o menino e despediu-a; e ela partiu, andando errante no deserto de Berseba." Gn. 21.9-14


Era a hora de "deixar ir" Agar e Ismael. Talvez as lágrimas possam ter rolado no rosto do velho Abrãao. Seu filho Ismael estava partindo e ele nada podia fazer para impedir isto. Era uma ordem de Deus: deixar partir aquilo ou aquele que trazia problemas dentro do seu lar, que impedia que a promessa crescesse. Era preciso "deixar ir" ainda que fosse doloroso...

Tera teve de morrer para que Abrãao ouvisse a voz de Deus lhe fazendo a promessa: 
"Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei." Gn. 12-1

teve de partir para que a promessa fosse mais uma vez lembrada ao patriarca. Para que saísse do lugar que lhe parecia tão cômodo:

"E disse o SENHOR a Abrão, depois que Ló se apartou dele: Levanta agora os teus olhos, e olha desde o lugar onde estás, para o lado do norte, e do sul, e do oriente, e do ocidente;
Porque toda esta terra que vês, te hei de dar a ti, e à tua descendência, para sempre.
E farei a tua descendência como o pó da terra; de maneira que se alguém puder contar o pó da terra, também a tua descendência será contada.
Levanta-te, percorre essa terra, no seu comprimento e na sua largura; porque a ti a darei.
E Abrão mudou as suas tendas, e foi, e habitou nos carvalhais de Manre, que estão junto a Hebrom; e edificou ali um altar ao SENHOR" Gn. 13. 14-18

Abrãao teve de despedir Agar e seu filho para que a promessa crescesse, para que, em Isaque, se cumprissem os planos de Deus. Teve de, literalmente, levantar acampamento. Sair do lugar comum, da zona de conforto.


Assim somos nós. Assim sou e você. Se queremos o novo de Deus, temos de deixar o que já está desgastado em nossas vidas. Ninguém de nós poderá herdar as coisas mais excelentes, tanto nesta vida quanto no porvir, se não estivermos disposto a deixar o que nos embaraça. Como diria Paulo, "ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida" II Tm 2.4. É preciso deixar ir o que nos impede de correr  "a carreira que nos foi proposta" Hb 12.1


Que a síndrome da mulher de Ló não nos alcance. Aquela que, ao olhar para trás, tornou-se em estátua de sal (Gn 19.26). Olhou para trás talvez, relembrando os bons momentos em que viveu na cidade. Olhou para trás talvez, pensando no conforto do lar que havia deixado. O lar onde suas filhas haviam crescido, onde sua família viveu tantos momentos alegres. Olhou para trás talvez, relembrando as muitas festas em que participou nas casas de Sodoma e Gomorra. Lembrou de suas amigas, das risadas. Olhou para trás talvez, pensando que NUNCA mais poderia ter uma vida como aquela. NUNCA mais poderia encontrar uma cidade como aquela. Ficou olhando para trás, talvez por um longo tempo, a remoer as lembranças ali vividas. Sentia-se incapaz de recomeçar. Esqueceu do Deus que faz nova todas as coisas. Perdeu-se nas lembranças de Sodoma e Gomorra a ponto de não perceber seus pés endurecendo. Suas mãos, cabeça e pescoço enrijecendo-se por algo estranho. Era o sal tomando conta de seu corpo e o tornando estátua. Já não havia tempo de deixar ir as lembranças, os embaraços... 
Se nós queremos seguir a Cristo temos de negar nossas vontades, temos de deixá-las ir até que em nós se cumpra a Vontade Dele. Isto é realmente difícil. Eu diria que é algo profundamente doloroso. Não é algo que ocorre num estalar de dedos, vimos isto na trajetória de Abrãao. Vimos seus erros e seus dilemas, até aprender a "deixar ir" o que impedia o agir divino. É um aprendizado árduo, contudo temos um Bom Mestre. Ele nos ensina nas entrelinhas das Escrituras: " se quisermos herdar a promessa temos de deixar ir o que a impede de cumprir-se em nós!"






Ontem a noite Deus me convidou a "deitar fora", a "deixar ir", a "sepultar" o que me embaraça. E hoje, ao levantar-me, ouvi outra vez sua voz me convidando a PENSAR ALTO. A BUSCAR e PENSAR as coisas que são de cima. Chamou-me a livrar-se do peso que me impede de caminhar. Ordenou-me a fazer morrer em mim as vontades da carne para andar no espírito. 
"Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." II Co 5.17

Ruthi Lima
20/02/11

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