quinta-feira, 30 de junho de 2011

Raposas fazem mal a vinha... (I)


“Apanhai-me as raposas, as raposinhas, 
que devastam os vinhedos..."
(Cantares 2.15)
 

"Uma raposa vinha andando livremente
Quando olhou para um cacho de uvas
Ela achou as uvas tão bonitas, lindas,
Saborosas e tentou as uvas alcançar,
Mas não conseguiu alcançá-las
Então, no mesmo instante começou a dizer
Elas não eram tão bonitas assim,
Elas não eram tão gostosas assim."

                                        Trecho da música "Filhos de Caim" do Catedral/ Composição: Kim / Cézar / Júlio

sábado, 25 de junho de 2011

Os wellingtons que ajudamos a (de) formar...


A bárbarie cometida por aquele jovem em uma escola pública no RJ não pode ser aqui nomeada. Foi cruel, desumano, doentio. Ainda assim, abro um parêntese para repensarmos nosso papel enquanto seres humanos e, sobretudo enquanto cristãos. O quanto somos responsáveis por tragédias como esta? O quanto estamos ajudando a criar mentes como a de Wellington? Enquanto professora eu estive a pensar estes dias sobre o quanto nossas escolas precisam estar atentas a nossos alunos... Aos repetidos casos de bullying (a nomenclatura está na moda mas a raiz é antiga..) que ocorrem no interior de nossas escolas... Nos preconceitos e agressões morais que ocorrem ora de modo vísivel, ora silenciados... Enquanto cristã eu me perguntei muitas vezes estes dias, o que a Igreja de Cristo fez ou poderia ter feito caso encontrasse o jovem Wellington pelos caminhos da vida... As vezes, as igrejas que deveriam ser lugar de acolhimento, tem reproduzido as exclusões existentes no mundo... Somos, de alguma forma, responsáveis por esta tragédia. Somos quando fomentamos as divisões dentro do Corpo de Cristo. Somos quando não acolhemos/ abraçamos, verdadeiramente seres (des) humanos como o jovem Wellington. Somos quando achamos que a juventude é eterna e não levamos nossos jovens a maturidade moral e espiritual. Somos culpados quando em nossos lares, escolas e (pasmen!) igrejas, optamos pela indiferença diante do outro. Torno a afirmar o meu repúdio a bárbarie cometida pelo jovem Wellington, mas torno também a reafirmar a nossa parcela de culpa diante das bárbaries da (des) humanidade. Somos culpados porque nos calamos quando a dor não é nossa. Somos culpados quando não cumprimos nosso papel enquanto Igreja de Cristo de estar com o outro não apenas “reunido no templo“, mas sobretudo no “partir do pão“. Somos culpados quando, “a caminho de nossas igrejas“, cruzamos com tantos jovens cujas mentes estão se transformando em wellingtons e simplesmente atravessamos a rua e seguimos em direção a nossa “Canaã particular“.

Abs,
No Deus que amou a Humanidade e por ela se entregou (sem exceção).

Ruthi Lima. Escrito em 12/04/2011.

Denúncia...


 Nossa modernidade nos orgulha.
Nossos avanços tecnológicos nos fazem estufar o peito.
Contudo, nossos gestos, nossas escolhas, nos denunciam dia após dia.
Denunciam nossa indiferença diante da dor alheia.
Denunciam que preferimos a vida que passa na tela,
Ignorando a vida que suspira/ reage/ desfalece.
Nossos gestos e escolhas denunciam nossa (des) humanidade.

                                                                                                                                        Ruthi Lima.

As pequenas grandes coisas...

Lua cheia.          Abril/2011.Arquivo Pessoal.
‎    "Crescemos. Já não perdemos o fôlego diante de um arco-íris ou do perfume de uma rosa, como acontecia antes. Ficamos maiores e todo o resto ficou menor, menos impressionante. Tornamo-nos apáticos, sofisticados e cheios de sabedoria do mundo. Não deslizamos mais os dedos sobre a água, não gritamos mais para as estrelas nem fazemos caretas para a lua. Água é H²O, as estrelas foram classificadas e a lua não é feita de queijo...
      Houve um tempo, não muito distante, em que uma tempestade fazia um homem adulto estremecer e sentir-se pequeno. Deus, no entanto, está sendo deixado de lado pelo mundo da ciência. Quanto mais sabemos sobre metereologia menos inclinados nos tornamos a orar durante uma tempestade. Os aviões voam agora acima, abaixo, e entre elas. Os satélites reduzem-nas a fotografias....
        Evitamos o frio e o calor. Refrigeramos a nós mesmos no verão e sepultamo-nos debaixo de plástico no inverno. Rastelamos cada folha assim que ela cai. estamos tão acostumados a comprar carne, aves e peixes preembalados que nunca paramos para pensar sobre a liberalidade da criação de Deus. Tornamo-nos complacentes, vivendo a vida prática. Perdemos a experiência do assombro, da reverência e da maravilha."                                                                                          
                                                                                                                  (Brennan Manning. cit. Joan Puls)